Os Cavaleiros Templários Existiram?

E continuando o post anterior, ainda ficaram faltando algumas coisas bem relevantes para falar sobre Riga. Como por exemplo o fato da cidade parecer ter um sol só para ela. E mesmo assim a temperatura não esquenta muito. Eu diria uma agradável sensação entre 18 e 26 graus no mês de abril. Com um ambiente harmônico no por do sol.

Por do sol na varanda
Verdadeiro apartamento poente

Bom, e também deixei alguns “easter eggs” no post anterior. E o assunto de hoje é:

Os cavaleiros templários existiram de verdade?

Ou foram apenas lendas históricas como parte de um folclore popular? Ou ainda, seriam invenção dos estúdios de Hollywood?

Se bem que a DC já tem seu próprio representante dos cabeças negras…

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É isso que a gente traz agora para você neste post.

Já sabe né?! Assim como no post anterior, o nosso ponto de partida é na praça central da cidade velha. (clique aqui para ler sobre).

E enquanto aguardava o ônibus turístico sair do ponto fiquei olhando a frente da fachada da casa dos cabeças negras (blackheads house).

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E vi que a estátua mais evidente se parecia muito com a do monumento da liberdade. Não são iguais, mas parecidas.

E na fachada já dá para ver que há uma datação do ano de 1334. é no mínimo intrigante. Não sei se sou só eu, mas antigamente as pessoas pareciam realmente caprichar nas fachadas dos prédios. Hoje em dia é tudo tão igual, tudo quadrado e com espelhos. Ainda bem que a Art Nouvau trouxe essa mentalidade de contar a história do lugar. E as esculturas nos tetos trazem sim um símbolo do local. Reparem também no brasão do escudo da estátua maior, ele literalmente será a “chave” para nossa história.

Então já no ônibus ele começa a falar justamente sobre essa estátua. o seu nome é Roland e ele nada mais é que o principal cavaleiro templário que defendia o reino de Riga.

É claro que eu surtei quando ouvi isso no áudio do ônibus!

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E não é só isso, dizem que alguns navios dele foram afundados no rio Daugava com boa parte de suas riquezas a mando do rei francês que devia uma grande quantidade de dinheiro para Roland.

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Local onde foram afundados os navios de Roland

E as surpresas não param por aí. Além de Roland havia outros cavaleiros templários que protegiam Riga. Sim, essas outras estátuas levam a crer que no século XIII eram os outros cavaleiros templários que se reuniam neste local. Em comum o que todos tinham? Eram cavaleiros ou amazonas, na maioria solteiros, com votos de santidade que se reuniam na casa dos cabeças negras (quem sabe para uma “festinha”) de vez em quando.

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Roland o fundador de Riga.

E no dia seguinte fiz mais um walktour onde voltaram a falar de Roland. Que ele era considerado um herói e o padroeiro da cidade. Além disso ele era uma figura que vinha da linhagem do imperador Carlos Magno (século IX) (que era francês) e que havia expandido tanto o império que chegou a se chamar império carolíneo. Então Roland era responsável pela fortaleza de Riga. E tinha muito prestígio. Desde aquela época a cidade de Riga já era simbolizada por uma fortaleza e por duas chaves se cruzando. Pois a passagem por ela era muito importante para o comércio da região.

E este era o selo da cidade no século XIII.

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Selo de Riga. séc XIII

O selo foi evoluindo e adquirindo os significados. começou com as chaves, depois uma fortaleza ao fundo até que chegou neste último (11), que é o mesmo presente no escudo da estátua de Roland.

Assim, os demais cavaleiros templários que também defendiam a cidade tinham o direito de usar este selo.

Mas afinal de contas quem eram os cavaleiros templários?

Bom, com toda essa informação na cabeça e com um dia a mais na cidade resolvi pesquisar mais a fundo essa história toda. E não há lugar melhor para se pesquisar uma boa história do que na biblioteca. Então resolvi ir até lá.

Pense em um lugar gigantesco! Foi a maior biblioteca que já entrei na vida. Infelizmente tive pouco tempo lá, pois fechava as 18:00h (São mais de 4 andares e para quem está fazendo a primeira viagem por lá há uma demora maior no deslocamento, seja pelo encantamento com o interior dessa obra de arte, digo, dessa biblioteca, seja pelos setores. Ah sim, e achar algo em inglês que eu poderia entender ao invés de letão, que é a língua local.

Mas lá deu para confirmar algumas destas histórias.

Os cavaleiros templários existiram sim! Ou como preferiam ser chamados: “Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão.

Todo esse nome vem dos votos de santidade, pobreza, devoção e obediência que tinham. Eram ditos serem incorruptíveis e por isso caso julgassem que alguém deveria ser morto esta era a vontade de Cristo. e a parte “do Templo de Salomão”. É por conta do local onde foi formada a ordem. No monte onde ficava o templo de Salomão. Alias, Salomão não é apenas um rei bíblico, mas é dito ser o mais sábio e o mais rico dentre todos os reis incluindo o rei Davi.  Então ser um “pobre cavaleiro de Cristo e do templo de Salomão” remete também a sabedoria e a prosperidade.

Durante a época das cruzadas eles eram decisivos nas batalhas. Ganharam fama e notoriedade. A princípio viviam das doações, tanto dos locais, quanto dos reis que usavam seus serviços de escolta para irem a Jerusalém.

Na verdade em muitos casos os selos eram também usados para informar que até aquele forte ou aquela cidade as pessoas e seus bens das caravanas que iriam para Jerusalém chegaram intactos.

Em especial contratavam seus serviços reis europeus e imperadores mongóis. Havia muitos ladrões e saqueadores no caminho, e muitos reis viajavam com suas riquezas nas carruagens. A guarda pessoal não tinha o mesmo conhecimento do terreno que os cavaleiros. Dessa forma, alguns cavaleiros com conhecimento de estratégia e combate decidiram se apresentar e formaram essa honrada ordem dos templários.

E o seu lema era: “Não para nós Senhor, mas para a glória do teu Nome”. E do seu uniforme vem a famosa cruz de malta em um fundo branco. Que aqui no Brasil apareceu pela primeira vez na Caravela de Vasco da Gama. Vou dizer aqui que ele provavelmente era um Cavaleiro Templário! Ou da nova Ordem portuguesa que surgiu derivada dos templários. Já que havia uma proibição de usarem o nome anterior.

Veja só os detalhes: Cruz vermelha (de malta), época das cruzadas, saber navegação, escoltar pessoas… confiança do rei… tudo isso são bons indícios de que sim ele pode ter sido um templário.

 

Ainda não satisfeito resolvi visitar alguns museus. o primeiro deles foi a Catedral de São Pedro. Na verdade, eu achei que iria visitar uma catedral, mas ao chegar lá percebi que o prédio se tornou um museu. E a primeira coisa que me falaram foi que toda a fachada da praça central da cidade, incluindo a casa dos cabeças negras foram restauradas. Tudo aquilo que vocês viram até agora foi destruído durante a primeira e segunda guerras mundiais. Mas dada a importância para o país e pelas doações tudo foi restaurado, com exceção da catedral de São Pedro e da torre de Pólvora. Estas seriam as únicas estruturas que mantiveram-se de pé desde o século XIII. E lá na catedral é possível ver as estátuas originais despedaçadas por conta dos bombardeios.

Bom, ainda sobre esta história dos templários, pense que eles emprestavam dinheiro para os reis! E lembre-se que Roland tinha uma linhagem francesa.

A fortaleza de Riga foi erguida com muito dinheiro, parte dele vinda dos templários que se reuniam por lá. E dizem os historiadores dos museus que o rei francês, Filipe IV conhecido como “o belo” devia muito dinheiro aos templários, não só ele, mas também o Papa Clemente. A dívida era tão grande que ameaçava a integridade do império francês. E o Papa não estava gostando nada desta história do povo substituir os santos da igreja por santos cavaleiros. Então em uma sexta feira 13 de outubro de 1307 o rei ordenou que fossem aprisionados todos os templários que estivessem em seu reino. Daí dizem que vem a má sorte da sexta-feira 13. A igreja católica que também perdia o seu papel de única e soberana na vida dos fiéis. Acabou apoiando o rei francês e assim a “santa igreja” por meio da ordem papal ordenou que fossem dissolvidos e exterminados os hereges  cavaleiros templários. Então por conta do Papa Clemente e do rei Filipe da França começou a perseguição aos templários. Não apenas física, mas também de difamação.

Um grande exemplo é o símbolo que havia na blackheads. Casa dos cabeça negras.

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Símbolo antigo dos templários

Por conta da acusação papal de que ali, na blackheads, havia um antro de perdição em que se pregava a homossexualidade, atos praticados apenas pelos hereges. E que como prova se via estampada no seu símbolo para quem quisesse ver. Os templários alteraram o simbolo. Antes, existiam dois cavaleiros montados no cavalo, como símbolo de que um cavaleiro templário valeria por dois, tal era a sua agilidade em combate. (Sabe o Batman e Robin? Pois é, tipo isso) Mas depois da acusação do Papa retiraram um cavaleiro, ficando desta forma como vimos hoje.

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E já prevendo que não teriam como vencer as forças que tentavam invadir Riga fizeram a seguinte inscrição na fachada:

“Should I Perish, then come and build me up again”. O que quer dizer: Se eu perecer, então venham e me reconstruam de novo.

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É admirável saber que a inscrição foi realizada de fato. A casa foi inaugurada em 1.333 pela primeira vez. Ela pereceu por conta da segunda guerra mundial, mas foi reconstruída em 1999. E por esta razão há as duas datas de inauguração na blackheads house.

E também passou por lá, obviamente também perseguido pela igreja católica, um reformador bem conhecido dos protestantes. O Martinho Lutero.

Quer dizer, se a história envolve fé e envolve briga com a igreja, então ela passa por Riga.

E como é essa tal casa dos cabeças negras por dentro?

Bom, é um grande mistério, quando estive lá ela estava fechada para um evento. Então fui mandado embora. Mas deu para dar uma pequena espiada no salão central antes dos guardas me tirarem de lá. (Não se pode mais nem pesquisar história no local em paz).

E este é só o hall de entrada imagine o resto! Não posso deixar de lembrar da Mansão Wayne que tem os seus túneis e passagens secretas. Dizem os guias turísticos que durante a reconstrução foram encontradas várias passagens subterrâneas que permitiam ligar a Blackheads house às casas em volta, a igreja e ao porto do navio. E que só foram encontradas porque na reconstrução houve escavações para recolocar os alicerces da casa, que foi destruída em 1941 por bombardeios durante a segunda guerra mundial.

E como terminou a história do Roland?

Infelizmente ele foi um dos cavaleiros que não abandonou sua casa por conta do Papa ou do Rei. Como chefe de Riga ele optou por ficar lá e acabou sendo preso, acusado, e por fim morto queimado na praça central.

Em suas últimas palavras o cavaleiro Roland disse:

“Filipe, Clemente! Não cometi crime algum para ser traído assim. Então rogo que no prazo de um ano vocês dois venham acertar as contas comigo perante Deus! Pelo mal que me fizeram.”

E morreu…

O interessante é que dizem que o Rei Francês morreu um mês depois! E seis meses depois faleceu o Papa! Isso tudo, dentro do prazo de 1 ano.

É meus caros leitores, a praga de Roland pegou.

E essa história pode ser lida na catedral de São Pedro em Riga.

Vai dizer que não é o cenário perfeito? Ser nerd tem dessas coisas.

Antes de terminar gostaria de deixar um salve para o meu amigo Zé, pois ele foi a primeira pessoa que falou comigo sobre a existência dos templários fora do universo dos filmes. Ou da DC Comics.

E este foi o resultado da primeira viagem em Riga, para dicas e o que mais visitar acesse o post anterior aqui.

Espero que tenham gostado, se você gostou segue a gente aí no botão vermelho e compartilhe com seus amigos essa história em que a arte imita a vida.

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História

Rômulo Lucena Visualizar tudo →

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